Atualmente o Bullying (termo em inglês utilizado para descrever violência física ou psicológica) é amplamente discutido pela sociedade, uma vez que essa prática tem crescido entre jovens e adolescentes. Esse assédio começou nas escolas e hoje ganhou outras vertentes, como as redes sociais. O bullying é caracterizado por insultos, ameaças, maltrato, apelidos depreciativos, intimidação, comentários maliciosos e críticas ao modo de falar e se vestir, praticados contra alguma pessoa que geralmente não oferece resistência, causando dor e angústia na vítima.
O bullying pode ocorrer em qualquer contexto em que haja interação de pessoas, como escolas, universidades, famílias, vizinhos, países e principalmente, em locais de trabalho. Por essa razão as organizações têm se preocupado com esse mal, denominado “assédio moral”, quando ocorre no ambiente de trabalho.
Segundo especialistas, o assédio moral é uma violência perversa do cotidiano e deve ser compreendido como um assunto sério de agressão e perseguição ao profissional, afetando e prejudicando não só a sua auto-estima, mas principalmente o seu desempenho. O assédio moral está ligado a qualquer atitude abusiva em relação ao indivíduo e que afete a sua dignidade, integridade e que possa levar inclusive, à perda do emprego ou à degradação do ambiente que a vítima trabalha.
O National Institute for Occupational Safety and Health americano define em termos amplos a violência no local de trabalho como ocorrência de ataques físicos, estupros, agressões graves e ameaças verbais, dentre outras. A preocupação com o assédio moral no trabalho tem fundamento, já que tanto leis federais como estaduais obrigam as empresas a proporcionar um lugar isento de riscos para seus trabalhadores. Por essa razão, algumas organizações podem ser obrigadas a indenizar o funcionário que sofra assédio moral.
O assédio moral pode também ser caracterizado pela intenção constante e deliberada de desqualificar o profissional, com o objetivo de fragilizá-lo ou até mesmo neutralizá-lo, podendo levá-lo a uma despersonalização.
Os gestores têm um papel fundamental no tratamento da sua equipe de trabalho, já que nos casos de relatos de assédio moral, a maioria dos colaboradores reclama que são destratados ou ridicularizados pela chefia. Alguns chefes, ao assumirem uma postura autocrática ou por se sentirem mais poderosos e seguros acabam expondo o profissional a situações vexatórias. Outras vezes obrigam o subordinado a realizar tarefas incompatíveis com a função, além de isolá-lo em determinadas situações. E o pior, alguns chefes utilizam essa prática para, a curto prazo, colocar o colaborador para fora da empresa – o que é uma atitude desumana, antiética e ilegal. Essa postura pode prejudicar a imagem da organização já que não é apenas uma questão de conflitos ou estresse laboral, mas uma situação séria ocasionada por situações abusivas, freqüentes e intencionais usadas para desqualificar ou constranger o funcionário.
A área de Recursos Humanos das empresas deve atentar para indícios que demonstrem que alguns funcionários podem estar sofrendo assédio moral. O sofrimento provocado pela agressão pode manifestar-se por meio de sintomas persistentes na saúde do funcionário, tais como a dores de cabeça, fadiga crônica, sensação de mal-estar, estresse. Com o tempo pode evoluir para estados depressivos e transtornos ansiosos. A reação de enfrentamento ao estresse provocado pelo assédio pode levar ao aumento do consumo de psicotrópicos e medicamentos gerando ou agravando situações de dependência química. A saúde física e mental do colaborador é afetada juntamente com o abatimento moral, levando a vítima do assédio moral a degradar a sua condição de trabalho e a sua qualidade de vida. As mulheres geralmente são acometidas de crises de choro sem causa aparente.
Por outro lado, muitas das violências no local de trabalho podem ser evitadas se as empresas instruírem seus funcionários a reconhecer e não aceitar nenhum tipo de agressão física ou psicológica. É interessante estimular a pessoa a delatar o agressor, sem medo de demissão ou rebaixamento de cargo – por meio do anonimato, a fim de preservar o denunciante. No entanto, o assédio moral só será abolido quando existir um real trabalho de humanização do processo laboral.
Há momentos que o melhor lugar para se estar é no fundo do poço, porque no fundo do poço a única opção que temos é subir.
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