Por Márcia Abos (Atriz e consultora)
“Você é insuportável?”, pergunta a professora aos alunos que entram na sala de aula. Perplexos, eles acabam assumindo que são, pelo menos em algumas circunstâncias, pessoas difíceis de conviver.
Veja quais são eles e em qual categoria se enquadram os “seus” insuportáveis:
O Brucutu - é bruto, briguento, explosivo e feroz.
Top de linha em matéria de atitude agressiva, quando ocupa um cargo de chefia, torna o ambiente de trabalho insuportável, pois faz da brutalidade um tratamento usual e por ter poder sobre seus funcionários, dificilmente alguém terá coragem de enfrentá-lo. Ao lidar com este tipo, controle seus impulsos, não se torne um brucutu também. Espere passar o acesso de raiva e com uma atitude firme, mas sem agressividade, imponha respeito. Mostre que não irá aceitar este tipo de tratamento. Durante o ataque, pesquisas mostram que o melhor é não mudar de posição. Por razões não identificadas, a intensidade da raiva pode aumentar se o atacado se movimenta. Em um acesso de fúria, o brucutu é como um brinquedo de corda: uma hora a corda acaba e ele pára. Tenha cuidado para não rir da cara do nervosinho, ele pode ficar ainda mais agressivo. Espere até a corda acabar.
O Kid Tocaia - este é o tipo mais nocivo e perigoso no ambiente de trabalho. Com ironia e comentários maldosos dá alfinetadas em seus objetos de inveja. Outra
estratégia usada por ele é a fofoca e a maledicência. Assim espalha seu rancor aos quatro ventos.
Normalmente são pessoas recalcadas, frustradas e invejosas, que foram preteridas em uma promoção ou têm um chefe mais jovem ou recém-chegado à empresa. Ao se deparar com este tipo venenoso, não demonstre ficar abalado por suas piadinhas ou comentários maldosos. Se ele perceber que não consegue atingi-lo, a ironia acaba. Faça um esforço e tente virar o jogo, responda as brincadeiras com bom humor e, se possível, retribua a piada.
O Sabe Tudo - é muito competente, culto e inteligente.
Porém, por insegurança, precisa se afirmar o tempo todo. Acaba sendo autoritário.
Não tolera ser contrariado ou corrigido, e quando é desafiado põe em cheque o conhecimento de quem o ameaça. Não gosta de ouvir, mas em compensação fala muito. Não caia na tentação de competir e agir como um “Sabe Tudo” também. Seja paciente e flexível e evite se ofender. O melhor a fazer é adotá-lo como guru. Peça sua ajuda e colaboração em alguma tarefa e você terá nele um aliado e poderá aprender bastante.
O Pensa que Sabe - ao contrário do “Sabe Tudo”,
este não sabe nada, mas mente e finge para ser reconhecido e aceito pelos colegas. É conhecido também como leitor de orelha de livro: não leu o livro inteiro, mas é capaz de assinar uma análise profunda sobre a obra.
Normalmente, tem baixa auto-estima e teve uma infância infeliz. Pode chegar a viver em uma realidade paralela e confundir o que foi inventado do que é verdadeiro. Tenha compaixão de um colega assim. Tudo o que ele quer é sentir-se querido. Não o desafie, pois assim ele poderá mergulhar ainda mais na mentira. Para ele, a vida não é fácil porque nunca pode ser 100% verdadeiro.
O Rambo - é o primo mais “calmo” do “Brucutu”.
Explode sem razão aparente com estranhos ou amigos que ficam sem entender o porquê do ataque. As razões podem ser bobagens ou acontecimentos de anos atrás.
Ao contrário do primo nervoso, se arrepende e pede desculpas. Contenha-se e não revide o ataque, imagine-o como uma criança fazendo pirraça. Se possível, saia de fininho e evite o confronto. Não o acuse, ele já irá sentir remorso e sofrer por ter perdido a cabeça.
O Quebra-Galho - nunca diz não.
Tenta ser sempre agradável e gentil, promete tudo sem avaliar se poderá cumprir. Pensando nos outros, acaba sobrecarregado e esquece de si mesmo. Vive em função dos desejos alheios.
Na verdade, é um tipo “do bem” que acaba magoado e frustrado, pois não consegue o reconhecimento e o afeto que procura. Se ele não conseguir cumprir tudo com o que se compromete, não o culpe nem exija satisfação, ele vai morrer de vergonha. Ao invés disso, ajude-o a se organizar e seja paciente; com o tempo ele irá se revelar um excelente colega de trabalho e amigo. Você poderá contar com ele para o que der e vier.
O Enigma - quando ameaçado ou zangado, se fecha completamente. Não há quem o faça falar sobre o quê o aborrece.
Para ele, o silêncio é uma espécie de ofensa e quanto mais seus colegas perguntam e demonstram preocupação a seu respeito, mais ele vai gostar. Pode explodir em algum momento e descontar sua raiva contida em objetos, quebrando e chutando o que estiver por perto. Não adianta pressionar, o “Enigma” não vai se abrir. O melhor mesmo é fingir que não percebeu a cara feia e agir com naturalidade. Dá até para levar na brincadeira e tentar quebrar o gelo. Se tiver intimidade com a pessoa, faça perguntas objetivas e diretas do tipo: o quê?; quem?; onde?; como?; por que?
O Roda Presa -
não consegue tomar uma decisão pois só enxerga o lado ruim das situações. Por isso, espera até que a solução menos pior se imponha.
Tem muito medo de fazer uma escolha e aceitar as conseqüências. Pode emperrar o trabalho de uma equipe inteira, pois até ele agir será tarde demais. Evite se irritar, não adianta nada. Não o pressione. Sob pressão ele parece um carro atolado, quanto mais acelerar mais ele afunda na lama. Aproxime-se e tente ajudá-lo a fazer escolhas, a partir de um método sistemático ou de estratégias de decisão. Um exemplo é através de listas de prós e contras que podem ser contabilizados e comparados. Assim ele terá mais segurança para optar.
O Frente Fria - imagine aquele personagem de história em quadrinhos que sempre tem uma nuvem negra sobre si: este é
o “Frente Fria”, sempre sombrio e desanimador. Contamina a todos com seu pessimismo e só enxerga defeitos e problemas em tudo e em todos. Tem tanto medo de frustrações que acaba paralisado. Cuidado para não se contaminar com o pessimismo. Mantenha uma atitude paciente e de compaixão: ele deve ter sofrido muito para ser tão amargo.. Faça-o sentir-se seguro e confiante, assim ele poderá se tornar mais colaborador.
O Disque Problema - sabe aquele tipo que reclama de tudo, 24 horas por dia? Pois é,
ele tem esta incrível capacidade de se queixar sem parar, mas é menos pessimista e sofrido que o “Frente Fria”. Não adianta concordar ou discordar das reclamações, tudo o motiva a reclamar mais. Com um pouco de paciência dá para ajudá-lo, apresentando soluções práticas que dependam apenas dele. Cuidado para não aproveitar a deixa e começar a reclamar de tudo também.
O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.
Alfred Montapert