terça-feira, 12 de outubro de 2010

O discurso na entrevista de emprego

*Por Bruno Soalheiro (Psicólogo e consultor empresarial afiliado ao IBCO. Atualmente é sócio diretor do Instituto Carpe Diem)

Pelo fato de trabalhar com RH, é bastante freqüente que conhecidos e amigos me perguntem sobre qual a maneira ideal de se comportar em uma entrevista. Nestes casos, além de recomendar a eles a leitura de alguns artigos que já existem sobre o tema, me ofereço para fazer um teste de entrevista, focando especialmente um aspecto: O discurso!
É óbvio que existem diversas variáveis a serem consideradas em uma entrevista, como pontualidade, maneira de vestir, conhecimento do próprio currículo, higiene pessoal, conhecimento técnico do trabalho, e outros; mas o ponto no qual muitas vezes noto maior dificuldade, é a capacidade de verbalização.
Uma coisa é você saber fazer um trabalho, outra coisa é você saber falar muito bem, com clareza, lógica e segurança, sobre o que você sabe fazer. E já que os entrevistadores não têm como colocar você para trabalhar e avaliar seu desempenho, eles se baseiam muito no “como você fala sobre o que sabe fazer”.
Sabemos que este é um parâmetro que pode enganar (e engana às vezes), afinal, alguém pode ser excelente em se vender, e na prática não ser muito bom. Ainda assim, no mundo de hoje a verdade é: quem se vende bem é comprado! Não estou discutindo se é justo, apenas dizendo que é assim que funciona na maioria das vezes.
E se você observar bem, não são somente os entrevistadores que se baseiam nisto, somos todos nós. Um bom vendedor, um médico que te passa confiança, uma empresa que quer te conquistar, são todos, num primeiro momento, avaliados pela qualidade do discurso. É claro que tem que haver conhecimento técnico – conteúdo- embutido neste discurso; mas a “a forma” como este discurso é construído, faz MUITA diferença.
Vejo muitas pessoas investindo em cursos de aperfeiçoamento técnico ou adquirindo novas habilidades sobre seu trabalho, em busca de melhorar seu desempenho em entrevistas, sem notar que talvez a situação poderia ser resolvida com um curso de oratória ou desenvolvimento da fala. Porque muitas vezes o sujeito já tem o conteúdo, mas falta trabalhar a forma. Só que desenvolver bem a fala é muito mais complicado que comprar uma roupa nova, cortar o cabelo e ser pontual. Exige treino; às vezes muito treino!
Entenda: Falar com segurança, clareza e lógica, sabendo usar as pausas e as emoções na medida certa, faz com que o entrevistador sinta que você é realmente uma pessoa preparada. Se você domina bem o discurso passa a impressão de que domina bem o trabalho! A verdade é: em uma entrevista, uma pessoa com desempenho técnico mediano que saiba falar muito bem sobre seu trabalho costuma ter muita vantagem sobre uma pessoa com excelente desempenho, mas que não saiba construir um bom discurso.
Claro que não estou pregando aqui que você se torne um mago da fala e que pode desprezar o conhecimento técnico. Conteúdo é fundamental, e conhecimento sobre a área de atuação é o mínimo que se busca, se não você não vai durar no cargo. Só que muitas vezes o que vai fazer com que o entrevistador saia com “aquela boa impressão” é a sua capacidade de se expressar bem sobre si mesmo.
De repente o que o está impedindo de conseguir um bom emprego pouco tem a ver com sua experiência e conhecimento do trabalho, e sim com sua habilidade de falar com clareza, lógica e objetividade sobre si mesmo. Vender-se bem é fundamental!

Seja uma pessoa que valoriza a essência, não a aparência, cultive os valores mais profundos e não caia na tentação de se tornar um "super" em um mundo de estrelas sem brilho próprio.
Roberto Shinyashiki

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